Que lembrança...
Lembrei da boca borrada
da cara amassada
dos brincos perdidos
do atrito dos nossos corpos no colchão
Lembrei do rádio, tocando baixo
enquanto o batom já retocado
anunciava uma despedida
confusa e indecisa no refrão daquela canção
confusa e indecisa no refrão daquela canção
Lembrei daqueles longos cabelos, tão pretos
que me distraíam nos sinais vermelhos
assim como os olhos castanhos
que brilhavam tanto quanto os faróis em minha direção
A mulher de gestos acalentadores
graça, cor, luz e sabores
que nem a mais santa e mais louca
jamais me proporcionou tamanha emoção
A mulher que falava do amor assim como o fazia
tinha o dom e demonstrava com maestria
Não tinha tocado um corpo tão majestoso quanto o dela
Desconheço mulher mais intensa que aquela
Eu tantas vezes rei e outras vezes escravo
Tanto reneguei como ainda encaro
Esse amor submisso, tão raro
Cheio de voltas que se afoga em revolta
e me afugenta agora dessa demora inquietuosa
Ela me assanha e ainda me ama
Eu não tenho controle sobre tudo o que me consome
Eu a quero de volta mas não revelo essa hora
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