sábado, 9 de março de 2013

8 de março

Já faz dez minutos que você pegou aquele ônibus, pela primeira vez você saiu antes que eu fosse ..
No seguinte minuto eu tento ignorar alguém que usa mil e uma artimanhas pra arrancar o número do meu telefone, no dia errado, na hora errada, com a pessoa errada. Sinto vontade de xingá-lo pois não é destino estar naquela parada com ele, não é algo do acaso, não é uma boa hora pra sorrir e de fazer uma loucura. 

Eu só quero ir pra casa, ficar embaixo do chuveiro por alguns minutos, retirar este peso e ser consolado pelo meu travesseiro

Mas nenhum ônibus que passe perto do meu endereço chega, o que me resta é pelo menos tentar ser educada com um cara que não entende o porquê de estar ali até aquela hora, sozinha. Enfim, ele desistiu de ter uma conversa e se foi, não quis ser tão atenciosa, era um estranho. Agradeço ao céus por ter ido, agora aqui estou em um banco vazio, com medo e com raiva. Enquanto a minha própria voz ecoa na minha mente, estas palavras que fizeram você ir, o motivo pra você ir sem olhar pra trás.

- Você não é obrigado a ficar aqui, não é obrigado a segurar as minhas coisas, não é obrigado esperar enquanto eu entro em um ônibus. Aliás, você nunca foi obrigado a fazer isso.

E você se foi, porque minutos antes o clima  estava bem pior, porque ninguém sabia dizer nada, ninguém sabia dizer '' não dá mais '', ninguém queria dizer que aquela estória tão linda terminou assim, com inquietação, com silêncio. Foi a pior conversa, foi uma conversa ? Só tinha frases engasgadas  palavras monossilábicas, curtas, frias. Não lembro quando agimos assim algum dia,  não aconteceu nada parecido antes. Era nossos corpos com outras pessoas habitando dentro deles naquele momento. Não vi lágrimas em mim, quando me dei conta  estava dentro do meu quarto, trocando as minhas roupas, quase matando de susto a minha mãe, por ter contado uma mentira pra convencer a minha demora, por conta dessa noite. Todos se preocuparam comigo achando que minha mentira era real, eu menti e  me sinto culpada por isso, mas não me sinto culpada por você, não é assim que se explica tudo. 

- O que aconteceu com a gente ?
- Não sou eu que devo responder, aliás eu deveria fazer esta pergunta . Por que me sentiria  culpada ? Eu não tenho culpa, estou fazendo isso pra limpar meu nome, pra você entender que o que sinto não é o suficiente pra aceitar tudo isso. Porque esquecer tudo isso agora e fingir que nada aconteceu, é pedir demais, não sou tão boa assim, não quando se trata de uma estória como esta. Quando alguém que diz te amar e lembrar que fez algo errado mesmo que já tenha sido perdoado, fique com sua insegurança. Eu fui naquele ônibus.

Nenhum comentário:

Postar um comentário