sexta-feira, 2 de junho de 2017

Sou dela

O perfume dela ficou na camisa branca
Que lembrança...

Lembrei da boca borrada
da cara amassada 
dos brincos perdidos
do atrito dos nossos corpos no colchão

Lembrei do rádio, tocando baixo  
enquanto o batom já retocado
anunciava uma despedida
confusa e indecisa no refrão daquela canção 

Lembrei daqueles longos cabelos, tão pretos
que me distraíam nos sinais vermelhos
assim como os olhos castanhos 
que brilhavam tanto quanto os faróis em minha direção

A mulher de gestos acalentadores
graça, cor, luz e sabores
que nem a mais santa e mais louca 
jamais me proporcionou tamanha emoção

A mulher que falava do amor assim como o fazia
tinha o dom e demonstrava com maestria
Não tinha tocado um corpo tão majestoso quanto o dela
Desconheço mulher mais intensa que aquela 

Eu tantas vezes rei e outras vezes escravo
Tanto reneguei como ainda encaro
Esse amor submisso, tão raro
Cheio de voltas que se afoga  em revolta 
e me afugenta agora dessa demora inquietuosa

Ela me assanha e ainda me ama
Eu não tenho controle sobre tudo o que me consome
Eu a quero de volta mas não revelo essa hora

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