quinta-feira, 5 de fevereiro de 2015

Uma paixão, a mais poética de Alice

Era diferente. De repente senti uma súbita agonia que confortava todo o meu corpo envolta do edredom. Ao ler aquelas palavras, sentia-me como se tivesse escrito cada uma delas, como quando meses atrás estava perdida, sem saber o que fazer quando o que eu sentia parecia confuso e estranho, como se eu não soubesse ver um pouco de lucidez sobre os meus atos que arriscavam a minha integridade. Eu me vi cantando aquele mesmo blues de quando nos encontramos, tão bonito e tão triste. E meu coração apertado estava abrindo a porta pra você sair, estava ali, aos prantos querendo apenas um abraço pra dizer que eu compreendi, porque no final das contas eu tive culpa por passarmos tanto tempo sem entender aquelas incógnitas que eu deixava em minha face a cada encontro. E quando começou a cair o temporal e o vidro da janela estava enxurrando de gotas na madrugada, eu ouvia aquela trilha sonora, minha favorita trilha sonora, a chuva. E doeu como qualquer despedida, mas era aquela despedida linda e tão poética de quem fala baixinho pra não magoar. Você é um amor bonito pra recordar e eu recomendo se acaso alguém não se importar com um final como o nosso. Nós começamos apressados e numa paixão progressiva, não era como todas as outras paixões, era um resgate, desejo antigo. Mas a distância nos deixou perdidos, em algum momento a balança pesaria muito mais para um lado. O quão amável possamos ser? Foi assim que eu me vi, amando a mim mesma quando gostava de você. Tão sinceros e cuidadosos, escolhendo cada palavra pra não machucar o outro, talvez se todos tivessem a oportunidade de nos vermos, veriam como era belo ler um final ou ouvir um. Nós tivemos sorte. Nossa saudade é uma saudade de volta, de volta pra algo que se perde em cada desejo do presente. Você é um amor daqueles dignos de respeito, daqueles que a gente defende mesmo depois do fim. 




Foi tão lindo.